Agora tudo refazia o sentido. Acabou os fantoches e criações imaginárias, o balão de pensamento ficou encorpado e ligeiramente embotado pela surpresa do acaso, da vida, do destino. Ao mesmo que lançava-se um olhar de "está acontecendo" o medo fazia a curva em uma das vias intestinais dando-lhe um sinal de "é loucura". A carta onde continha o seu coração, quando decidiu reconhecer que os olhos ensaiaram não mais ver uma cidade apenas, mas um companheiro junto à esse amor français, porém era um fruto imaginário com respostas não imaginárias, eram mais de 117 cartas recíprocas, com conteúdos típicos de humano. Para não se perder, em um de seus equívocos comportamentais casuais Hellène escreveu para a frança, declarando a sua admiração pela contemporaneidade que acerca as ruas, casas, parques, lagos e detalhes incríveis desde lugar: a França. Este comportamento impulsivo levou a personalidade épica da jovem a escrever simultânea vezes e enviá-las.
Onde chegaram, ela não fazia ideia. Até que um dos escritos simplórios foi respondido, de maneira poética, pontual e profunda. Ela jamais esqueceria a reação, a tensão e os diamantes que pulavam dos olhos ao ler. A cidade do seu coração havia lhe respondido. Criou-se um ninho fantasioso de esperanças entrelaçadas no carinho dedilhado por tinta e papel, até que na última carta respondida apareceu um nome. Um nome diferente da corriqueira assinatura fazendo par com o espanto por parecer saber tudo até aqui, e no entanto não saber apenas mais do que o nome de alguém que se envolveu na maior aventura de Hellène.
Pelo que havia então se apaixonado? Pela cidade que em uma condição anômala lhe responderia? (que loucura!) ou por um desconhecido que a a aceitou como era e embarcou em um simples sim, para lhe acarinhar de tão longe com sábias e envolventes palavras. Já não sabia mais. O momento era de saber como e porquê alguém tomaria essa causa como sua e como aceitou permanecer tanto tempo respaldando uma desconhecida que agora pairava-se no chão olhando para o teto sem saber qual nó de madeira focar.
Ela tinha um nome e um local Filatelia labre que logo em suas pesquisas ansiosas descobriu um lugar onde cartas endereçadas erroneamente eram depositadas e ali fungos se aproveitavam e sabe-se lá o que depois ocorria. Pessoas de todas as partes poderiam pegá-las ( Logo pegou a sua caderneta de coisas para fazer e anotou esse lugar, já pensou quantos tesouros encontraria ali? Olhos brilhando, mas precisava gastar energia com outras coisas agora, volte Hellène), e o nome estranho se encarregou de encontrar todos os meus letreiros sem destinos, respondeu um a um, que confusão, quanta poesia, que mar de pensamentos, não seria possível! Alguém como ela, de espirito sensível... sem saber, sem questionar, apenas preocupado em doar, em multiplicar-se em palavras. Acorda Hellène, vamos... não é nada disso. Deixou de focar o teto e viu a caixa das cartas uma a uma, leu todas, inspirando-se em um medo arrebatador. Pensando se responderia ou não, afinal ela já estava lá. Foram dezesseis meses depositando pequenices e grandiosidades da alma para um achado como esse, no fundo da razão ela compreendia que alguém humano respondia, porém agora ela tinha certeza! Não sabia o que pensar mais, apenas precisava ir até a torre e pedir para que ela estivesse de braços abertos, pois ela estava chegando.